Matéria – Gazeta Mercantil
(Terça-feira, 10 de outubro de 2000 No 21.936 – Caderno Grande São Paulo No.634 – página 3 e 7)
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Seminário debate vantagens da marca própria
Tendência se afirma nos supermercados; Vigor ganha colocando sua capacidade de produção à disposição do atacado e do varejo
Iris de Oliveira de São Paulo
A experiência de marcas como a Vigor, que conseguiu alavancar seu faturamento produzindo marcas para terceiros ou as estratégias da Victor Hugo, que, em mão contrária, insiste em manter sua marca exclusiva, foram debatidas ontem durante o Seminário de Marcas Próprias, Licenciamento e Terceirização. O evento antecipou as discussões da segunda edição da Feira e Convenção Internacional de Marcas Próprias, Licenciamento e Terceirização, que ocorrerá de 3 a 6 de dezembro, no International Trade Mart.
Entre os palestrantes do seminário, que ocorreu no São Paulo Center, o diretor de marketing da Vigor, Antonio Carlos Prado, defendeu a tendência do mercado atacadista e varejista de investir em marcas próprias, lembrando o exemplo o Carrefour que, com parceria de fornecedores, tem vários produtos com sua marca, a preços competitivos. Outro exemplo é o Pão de Açúcar, que desenvolve a marca Quality.
De acordo com Prado, nos dois casos a principal vantagem da estratégia é fidelizar os clientes, seguida do marketing. No caso da Vigor, conta que há quatro anos a empresa, ao assumir o controle da Refinos de Óleos Brasil, passou a oferecer sua capacidade de produção para atacadistas e varejo. O resultado foi, no caso das margarinas, um aumento de 22% na produção do produto. Clientes como os atacadistas Coselly, Elo e Peixoto imprimem suas marcas nas margarinas e óleos da Vigor. “As vantagens do fabricante é a otimização da capacidade de produção instalada”, diz. “A desvantagem é o risco de se criar uma competição consigo mesmo”, alerta Prado.
Já o diretor comercial da Victor Hugo. Rubens Panelli Júnior, afirma que o interesse da empresa está em manter sua tecnologia voltada apenas para seus produtos. “Disponibilizar sua tecnologia para outras marcas pode ser vantajoso em alguns casos; em outros, não’, diz. A Victor Hugo tem três fábricas no Rio que produzem para suas 20 lojas próprias e 24 licenciados acessórios de couro. “Mas em qualquer dos casos é fundamental trabalhar-se com uma marca própria”, diz Panelli. “A briga hoje se dá no campo do estilo. Este é o diferencial, às vezes mais do que preço”, defende. A diretora da Feira de Marcas Próprias e Licenciamento da Placam, Rosana Aragon, acha importante trabalhar uma marca própria. Cita um levantamento realizado ano passado que aponta que 65% das donas de casa consomem produtos de marcas próprias. Há quatro anos este índice era de 49%. A expectativa para a feira de dezembro é reunir 60 expositores.